True Detective
Salve, galera, domingo
passado terminou uma das melhores séries já feitas pela HBO: True Detective!!! Nos
EUA, a demanda para o episódio final foi tão grande que derrubou o serviço de
streming da HBO na noite de domingo.
Mas do que se trata a
série? Bem, vamos lá!!
Primeiramente, há de se
destacar que a exemplo de outras séries como Fear Itself e American Horror
History, trata-se de uma antologia, ou seja, histórias fechadas que não tem a
obrigatoriedade de se prolongar através das temporadas, dessa forma, a 1ª
temporada de True Detective tem somente oito episódios com um elenco fixo e estória com começo, meio e fim, sua segunda temporada será com outros atores,
outra estória, cenário, etc. Nesse caso, você pode acompanhar tranquilamente
sem se preocupar em ter que esperar por uma torturante segunda temporada, o que
também é ruim, pois essa primeira temporada já deixa saudades!!!
Criado pelo escritor e
repórter investigativo Nic Pizzollatto, True Detective é um programa fluido,
com uma narrativa cheia de camadas que vão sendo removidas lentamente. O ritmo
intimista remete a um pesadelo sinistro do qual não se consegue despertar.
Em alguns momentos, a narrativa pode ser tão confusa quanto um sonho e
esse é o objetivo.
A série tem uma
dinâmica perfeita nas atuações de Woody Harrelson e Matthew
McConaughey (não é a toa que ele
levou o Oscar) que cria uma tensão palpável a cada episódio. A forma como somos
apresentados à história também é bem criativa e genial, mostrando os
personagens na época atual, não mais na função de detetives, tendo que prestar depoimentos
sobre um caso em que trabalharam em 1995. Vemos os personagens apresentando
versões dos fatos que ocorreram nessa época, ao mesmo tempo em que acompanhamos
o caso em si e constatamos que algumas coisas foram mantidas em sigilo ou
ocorreram de modo diferente do que eles reportam.
Rust Cohle
(McConaughey) é uma imagem fantasmagórica de um homem que trabalha quatro dias
por semana e passa os outros dias bebendo até apagar em estupor. Martin Hart
(Harrelson) é um Detetive Particular cujo comportamento de bom moço não esconde
completamente a hipocrisia que é a sua vida. Os dois um dia foram detetives – e
por sete anos, parceiros — e a estória que eles tem para relatar envolve uma
jornada apavorante, que deixou marcas em suas almas e ainda os assombra. Quanto
mais eles falam a respeito da experiência, mais descobrimos quem são eles,
mesmo que não saibamos ao certo se o que eles estão relatando é verdade ou
mentira.
Sobre a história em si, inicialmente Hart e Cohle foram
designados para o caso Dora Lange, um assassinato ritualístico bizarro em que o
criminoso parece ter dado asas a sua imaginação. O corpo da mulher é encontrado
nu, vendado, esfaqueado e marcado com uma tatuagem em uma plantação de cana de
açúcar no interior da Louisiana. Ela é colocada em uma posição estranha,
ajoelhada, como se estivesse prestando respeito a uma enorme árvore na paisagem
rural. Uma galhada de cervo é cuidadosamente posta sobre sua cabeça, "como
uma coroa", segundo Cohle. Perto do corpo pálido e sem vida, são achadas
pequenas armadilhas artesanais para capturar pássaros, feitas de gravetos,
"redes do diabo", de acordo com um pastor local, usadas para afastar
o demônio. As "redes do diabo" parecem ter uma importância central na
trama, uma vez que os detetives encontram outras delas em suas andanças pela
região enquanto tentam rastrear o assassino. O que elas representam ou porque
foram deixadas pelo caminho, só saberemos no futuro.
E aqui cabe uma
impressão pessoal minha: descobri a série através do blog Mundo Tentacular do
amigo Luciano e foi identificação total com a história, mesmo porque Nic
Pizzolatto introduz um elemento místico que poucos conhecem, a obra ficcional
de horror cósmico The King in Yellow de Robert W. Chambers, que integra a
Mitologia criada por H P Lovecraft e seu Chamado de Cthulhu (quem são esses?
Isso é assunto pra outro artigo), então termos como Rei Amarelo, Carcosa ou
citações como: “Estranha é a noite em que
as estrelas negras se erguem” dão um sabor todo especial à série!
Alie a isso a excelente
trama, direção e produção de nível cinematográfico e temos o surgimento de uma
obra-prima do século XXI. Ela possui várias referências e estilo parecido com
séries como Twin Peaks, mas com personagens menos caricatos, mais realistas e
pé no chão e um mistério envolvente que te faz querer resolver a investigação
juntamente com os protagonistas, analisando as pistas coletadas e formulando
teorias, um exercício de raciocínio e reflexão raros em programas televisivos
hoje em dia. Acredito que McConaughey e Harrelson ganhem um Emmy fácil pela atuação na série.
Então, pra não estragar
nenhum aspecto da trama, deixo aqui o trailer da série e recomendo a vocês
assistirem essa série da HBO que com certeza está entre as melhores já feitas
até hoje e conquistou seu lugar entre minhas séries favoritas:
E fiquem também com a excelente abertura, uma das melhores já feitas:
Em tempo: em entrevista ao HitFix, Nic Pizzolatto, criador
do projeto, disse que o enredo da segunda temporada será sobre "mulheres
duronas, homens maus e uma história secreta do sistema de transporte americano".
O escritor diz ainda que o roteiro está em estágio inicial de produção. Já
aguardamos ansiosos pela nova história dos “Detetives de verdade”.
Abraço e até a próxima, pessoal!!!
“De certas experiências você não sai
incólume, você simplesmente deixa de existir, ainda que continue vivendo. Tudo
o que aconteceu…ainda está acontecendo, a única diferença é que se passaram
vinte anos, e o que aconteceu é apenas história, o que acontece agora... é
presente.”
— do romance Galveston por Nic Pizzolatto
Comentários